Sei lá. Existem homens e homens. O jornalista Franklin Martins, salário “por volta de 50 mil reais” deixou a iniciativa privada para ganhar R$ 8 mil no governo: exemplo grave e raro de altruísmo e compaixão para servir o povo como poucas vezes se viu até em Santos, não a cidade.
O rabino Henry Sobel foi detido em Palm Beach, Flórida, na sexta 23/03/07, acusado de ter furtado quatro gravatas nas lojas da Louis Vuitton, Armani e Gucci. 180 dólares a peça. Foram fabricadas para este fim; merecem mesmo serem furtadas: mesmo compradas, é um crime. Eu, se fosse convidado para defender o homem, entraria com uma “excludente de ilicitude” que é que quando o crime é praticado por estado de necessidade; nem só de pão vive o homem, mas também de gravatas de alta grife.
Não se deve condenar o líder da Congregação Israelita. Santo Agostinho confessou publicamente e sem vergonha alguma nas páginas do seu magnífico Confissões ter furtado maçãs, que não custavam dólar algum, porquanto o dólar ser uma invenção posterior ao furto e este, talvez, anterior à fruta: não se sabe.
Muitos já, por apego à figura e à incredulidade, se adiantaram a dizer que o impoluto homem é cleptomaníaco. Preocupação natural, a saber que esta fraqueza carnal de subtrair o alheio só atinge indivíduos despossuídos de riqueza e de espírito. Sabemos que fosse outro pego na botija, sim, imaginemos um sujeito irrelevante como eu, insignificante como meu pai, inodoro como meu avô e desnecessários como todos os meus ancestrais, não teríamos este nome pomposo porque científico, categórico porque vistoso, CLEPTOMANÍACO. Seríamos simples e normais ladrões de meia-colher, o que é um desaforo e tanto para a classe dos ladrões.
- Filho meu, se fores seguir a arriscada carreira de ratoneiro, não desonre tua mãe nem ultraje teu pai, sendo um de meia-colher.
Não é impossível que a defesa jurídica e popular siga esta linha. Caso ganhe exagerado destaque na mídia o desatino do rabino, os pobres (de informação e alma) hão de se apaixonar pelo nome, hão de glorificar tão simétrica junção de letras, a sonoridade que beira o solene e pisca para a nobreza pois é quase uma entonação celestial ungida pela ignorância do significado, que a torna misteriosa e verdadeira a um só tempo, uma espécie de deus oculto que não se revela por inteiro, e então, somadas todas essas impressões, eis batizados muitos filhos dos deserdados de noção como Cleptomaníaco.
- Ô Clepto, tu não vem almoçar não?!
Escrito por Alex Menezes às 22h32
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